Rua Cândido dos Reis em festa novamente

Junho 14, 2008 at 1:01 am (Cultura, Espectáculos, Música) (, , , , , , )

Sexta (13/06)
Concerto de música africana com o grupo Txkiss (22h00)
DJ Rodrigo Afreixo

Sábado (14/06)

Concerto dos Phist (22h00)

Quinta (19/06)
Performance “A Ordem do A”, pelo grupo Sobretudo (22h00)
DJ Rodrigo Afreixo

Sexta (20/06)

Desfile de Moda pela Escola Artística e Profissional Árvore

Sábado (21/06)
Concerto dos Pé na Terra (22h00)

Domingo (22/06)

Concerto dos Zaquelitraques (20 alunos com a gaiteira Teresa Paiva) (16h00)

Segunda (23/06)

Noite de S. João com o DJ Paulo Grave

Quarta (25/06)

Comemoração da Independência de Moçambique (com música, artesanato, debate e mostra da gastronomia do país)

Quinta (26/06)

Concerto dos Plaggio (21h30)
Concerto de Olive Tree Dance (23h00)
Performance “A Máquina do Sexo” (00h00)

Sexta (27/06)
Live act Mamas Baptista (22h00)
Concerto dos NAD (23h00)

Sábado (28/06)

Tertúlia “Arte e Feminismo” (21h30)
Concerto dos Toque de Caixa (22h00)
Dueto Sara Miguel (voz e piano) e Igor Silva (guitarra) (23h00)

Domingo (29/06)

Concerto dos Zelig (21h30)

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Stuart Mill, em “Utilitarismo”

Junho 11, 2008 at 12:27 am (Cultura, Filosofia) (, , , , )

Os sentimentos morais não são inatos, mas adquiridos, mas tal não significa que não são naturais, pois é natural para o homem, falar, raciocinar, construir cidades, cultivar a terra, apesar destas competências serem faculdades que são adquiridas. Os sentimentos morais, na realidade, não fazem parte da nossa natureza, se entendermos por tal que deviam estar presentes em todos nós, num grau apreciável, realidade que indubitavelmente é um facto muito lamentável, reconhecido até pelos que mais veementemente acreditam na origem transcendente destes sentimentos. No entanto, tal como as outras faculdades referidas, a faculdade moral, não fazendo embora parte da nossa natureza, vai-se desenvolvendo naturalmente; tal como as outras, pode nascer espontaneamente e, apesar de muito frágil, no início, é capaz de atingir, por influência da cultura, um grau elevado de desenvolvimento. Infelizmente, também, mas recorrendo, tanto quanto é necessário, às sanções externas, e aproveitando a influência das primeiras impressões, ela pode ser desenvolvida em qualquer direcção, ou quase, a ponto de não haver ideia, por mais absurda e perigosa que possa ser, que não se consiga impor ao espírito humano, conferindo-lhe, pelo jogo dessas influências, toda a autoridade da consciência.


John Stuart Mill, in 'Utilitarismo'

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Platónov

Junho 10, 2008 at 7:30 pm (Cultura, teatro) (, , , , )

Ninguém é inocente

“Platonov”, peça escrita por Tchekhov em 1878, já anunciava a desilusão dos dias actuais

TCHEKHOV escreveu “Platonov” (ou “Peça sem Nome”, como é conhecida no repertório do teatro Mali, de São Petersburgo, dirigido por Lev Dodin) em 1878, quando tinha apenas 18 anos e estudava no liceu de Taganrog, no sul da Rússia. Foi deixado para trás pela família (que partiu para Moscou depois da falência do pai), para terminar os estudos. Numa carta datada do mesmo ano, o irmão mais velho critica o texto e se refere a ele por um neologismo (possivelmente o título original da peça) que quer dizer algo como “a ausência dos pais”. Tudo em “Platonov” se resume à perda e ao fracasso. O manuscrito, dedicado à atriz Maria Nicoláievna Ermolova, e por ela rejeitado, só foi descoberto em 1920.

Publicado três anos mais tarde, o texto foi considerado impróprio para a encenação, por ser incoerente, caótico e, sobretudo, muito longo.

Ainda hoje, no teatro Mali, quando as luzes se acendem, no intervalo, e o público aplaude os actores ausentes do palco, depois de quase duas horas de espetáculo, alguns espectadores desavisados (além dos que simplesmente não podem suportar mais duas horas de uma peça que gira em torno do vazio) se levantam, pegam seus casacos e vão embora, intrigados talvez com a idiossincrasia (ou a modernidade) de intérpretes que não voltam para agradecer os aplausos da platéia.

À parte alguns efeitos cénicos (o palco está separado do público por uma piscina, que representa um rio, diante de uma propriedade rural, e na qual os actores se jogam, vestidos ou não, ao longo da peça), não há nada especialmente moderno ou inovador na montagem de Lev Dodin. Ao contrário, a encenação e a interpretação têm um ar ligeiramente ultrapassado, que alguns espectadores mais radicais podem considerar tolo ou insípido, mas que garante grande parte do charme e da nostalgia. A montagem, criada há dez anos, hoje faz parte do repertório do teatro Mali. É apresentada em alternância com a mais recente encenação do director, a adaptação do romance caudaloso de Vassili Grossman, “Vida e Destino”, por muito tempo proibido pelo regime soviético.

Sendo um texto de juventude, muito do que aparece em germe em “Platonov” anuncia o que voltará mais tarde, nas peças maduras de Tchekhov, como uma das características mais marcantes e inovadoras do dramaturgo. “A Gaivota” foi vaiada na estreia, no teatro Alexandrinski, de São Petersburgo, porque nada acontecia em cena. “Platonov” ainda se ergue sobre um modelo de melodrama. Mas um melodrama no qual a acção revela apenas a incoerência e o vazio de tudo. Se acontece alguma coisa, é só para tornar ainda mais ostensiva a ausência de acontecimentos, o tédio e a derrocada de todas as promessas.

À peça não falta apenas um título, mas um personagem principal. Mais do que herói ou anti-herói, Platonov é um agente catalisador da falta que está no ar, revelador de uma época de incertezas e desilusões. É o herói onde já não pode haver nenhum. Ao mesmo tempo, a peça não pode existir sem ele. Começa pouco antes de ele entrar em cena (reaparece casado, depois de anos, para rever seus amores e amizades de juventude, na propriedade rural de uma senhora falida) e termina com a sua morte. Todos amam Platonov (ou a lembrança do que ele foi na juventude) e ele ama todos, mas seu fracasso (o jovem rebelde romântico foi reduzido a professor rural, casado com a mais desinteressante das mulheres) limita sua acção à sedução vazia e ao engano. Na falta das velhas certezas e promessas, convertidas em ilusão, todos querem se deixar seduzir e enganar por Platonov, pelo sonho que um dia ele representou e do qual agora não é mais do que uma paródia. É como se a morte conspirasse por trás de um mundo de exaltações, desejos e alegrias fugazes.

É claro que esse tempo de desilusão pode também ser o nosso. Mas há um aspecto especificamente russo. Uma jovem que encontrei em São Petersburgo, e que já tinha descido aos infernos nos seus 30 e poucos anos, me corrigiu quando falei de um mundo terrível: “O mundo não é terrível. É o que é. Já está na hora de você perder um pouco da sua inocência”. Realmente, basta assistir ao filme mais recente de Sokurov (“Alexandra”, exibido no Festival de Cannes e actualmente em cartaz em Paris, sobre uma avó que vai visitar o neto, soldado russo na Chechénia) para entender que, talvez em qualquer lugar, mas na Rússia com certeza, não há inocência possível. E esse é um mundo que Tchekhov já anunciava na sua primeira peça “incoerente e caótica” de juventude.

(Bernardo Carvalho)

Fonte

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Platónov, de Anton Tchékhov, no TNSJ

Junho 10, 2008 at 7:18 pm (Cultura, teatro) (, , , , )

Demasiado longa, demasiado violenta, demasiado imperfeita. Platónov conviveu sempre de perto com o excesso e o falhanço. Peça inaugural de Anton Tchékhov, escrita com a urgência de tudo dizer e tudo questionar, sucessivamente trabalhada e sucessivamente rejeitada, acabaria por ser resgatada da sombra ao longo do séc. XX. Isto porque talvez se possa dizer de Platónov, a obra, aquilo que alguém diz nela de Platónov, a personagem: “É o exemplo acabado da moderna indefinição”.

Retrato em fuga de um grupo de trintões e quarentões desiludidos com uma sociedade que frustrou os sonhos da sua juventude? Celebração vital dos prazeres da culpa e da contradição? Ouçamos o nosso herói, num acesso de ironia e lucidez: “Ser jovem e ao mesmo tempo não ser idealista. Que depravação!”.

Nuno Cardoso propõe-nos uma leitura possível de um conflito irresolúvel (foi também esse um dos propósitos que o conduziram a Woyzeck, outro clássico mutilado), acrescentando à sua já extensa galeria de beautiful losers o corpo vacilante de um professor de província, um Hamlet com testosterona a mais, que assiste embriagado ao desconcerto do mundo…

Datas: de 17 de JULHO a 3 de AGOSTO

tradução >> António Pescada
encenação >> Nuno Cardoso
cenografia >> F. Ribeiro
figurinos >> Storytailors
desenho de luz >> José Álvaro Correia
movimento >> Marta Silva
voz e elocução >> João Henriques

interpretação
>> António Fonseca, Daniel Pinto, Fernando Moreira, Hugo Torres, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Luís Araújo, Marta Gorgulho, Micaela Cardoso, Paulo Freixinho, Pedro Almendra, Pedro Frias, Sandra Salomé, Sérgio Praia.

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Bem-vindos ao Café de Cultura

Junho 10, 2008 at 7:07 pm (Café, Cultura) (, )

© Sara Santos Silva

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